sábado, 3 de fevereiro de 2018

Na Onda do Iê Iê Iê – O Início da Era Os Trapalhões nos Cinemas

Quem que cresceu durante a década de 80 não era fissurado pelos Trapalhões? Impossível achar uma criança que não curtisse. O quarteto mágico formado por Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana), Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes) e Zacarias (Mauro Faccio Gonçalves) encantou gerações e gerações. Como eu sou um entre os milhões de fãs dos Trapalhões, resolvi assistir a toda a filmografia completa deles, que é composta por 42 filmes e um curta metragem de 9 minutos. O quarteto foi responsável por levar mais de 120 milhões de pessoas aos cinemas com seus filmes, além de que 7 dos seus filmes estão entre os 10 filmes mais vistos na história do cinema brasileiro.

Poster da época
Toda a Era dos Trapalhões nos cinemas começou com a comédia musical Na Onda do Iê Iê Iê, com roteiro de Renato Aragão, Jarbas Barbosa, Braz Chediak e Aurélio Teixeira; dirigido por Aurélio Teixeira e lançado em 1966. O filme ainda era em preto e branco.

Mais um poster da época
A trama do filme acompanha os amigos Didi (Renato Aragão) e Maloca (Dedé) que tentam ajudar o amigo César Silva (Silvio César) a tornar-se um cantor profissional. Durante uma festa, César se apaixona por Mônica (Valentina Godoy), filha de um poderoso dono de uma gravadora (interpretado por Mário Lago). Toda a turma terá que enfrentar as armações de Milton Carlos (José Augusto Branco), um cantor mau caráter que quer dar o golpe do baú em Mônica, casando-se com ela e tomando a gravadora. 

Didi e Dedé no filme
O filme é um grande musical e para os dias de hoje é completamente datado, algo que é completamente normal. A música predominante do longa é a da Jovem Guarda e temos a participação de diversos cantores da época, tais como o próprio Silvio César, Paulo Sérgio, Wilson Simonal, Wanderley Cardoso, Rosemary, Clara Nunes, The Fevers, Os Vips, Renato e seus Blue Caps e The Brazilian Bitles (sim, existia um grupo assim). O filme ainda conta com a participação especial de Chacrinha interpretando a ele mesmo.

Silvio César como César Silva
Quanto à dupla de Trapalhões, Didi e Dedé, ambos estão bem diferentes do que estamos acostumados. Aqui eles ainda estão bem tímidos e começando a usar a “comédia corporal” que conhecemos tão bem de seus outros filmes e do programa da TV. Na Onda do Iê Iê Iê nos apresenta uma espécie de dupla “pré Didi e Dedé”. Eles ainda não eram do jeito como o conhecemos e como foram consagrados pelo público. Digamos que ainda estavam conhecendo a forma de interpretar a eles mesmos, ainda estavam em formação. O que é completamente irônico, pois no primeiro curta metragem feita pela dupla chamado APedra do Tesouro de 1965, eles já fazem todo o humor tão característico dos Trapalhões. Talvez a intenção em Na Onda do Iê Iê Iê era colocar a dupla como coadjuvante do filme mesmo para que não roubassem a atenção dos cantores e dos números musicais.
 
Mônica (Valentina Godoy) e Milton Carlos (José Augusto Branco)
O filme é bem regular para fraco. Tem cenas que chegam a ser estranhas, pois sentimos que os atores estão esperando o momento certo de soltar suas falas ou as soltam de forma meio mecânica, meio robotizada. Claro, que este filme tem um valor histórico importantíssimo, não só por ser o primeiro filme dos Trapalhões (mesmo sendo ainda apenas a dupla Didi e Dedé), mas também pelos números musicais apresentados na película. Este também foi a estreia de Renato Aragão no cinema, já que o curta A Pedra do Tesouro só foi lançado comercialmente em 2005.

Mário Lago como o dono da gravdora
É engraçado ver as gírias da época que hoje em dia já caíram em desuso. Gírias como "bicho", "morou", "dar um guenta", entre tantas outras que farão a nova geração coçar a cabeça imaginando que tipo de dialeto é esse que era usado nesta época. O tempo passa mesmo...

Paulo Sérgio ao lado de Chacrinha no filme
Apesar de ser um filme bem fraquinho e quase não ter nada dos Trapalhões nele, vale a pena dar uma conferida para quem quer assistir a toda a filmografia dos Trapalhões, como é o meu caso. E para quem me conhece, sabe que eu gosto de ver tudo na sua ordem cronológica. Portanto, vejam os primeiros passos de Didi e Dedé nos cinemas e se requebrem muito ao som do Iê Iê Iê. Aí embaixo, tem um pedacinho do filme que está disponível no YouTube. Deem uma conferida!


Um grande abraço!

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