Quem que cresceu durante a década
de 80 não era fissurado pelos Trapalhões?
Impossível achar uma criança que não curtisse. O quarteto mágico formado por Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana), Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes)
e Zacarias (Mauro Faccio Gonçalves)
encantou gerações e gerações. Como eu sou um entre os milhões de fãs dos
Trapalhões, resolvi assistir a toda a filmografia completa deles, que é
composta por 42 filmes e um curta metragem de 9 minutos. O
quarteto foi responsável por levar mais de 120
milhões de pessoas aos cinemas
com seus filmes, além de que 7 dos seus
filmes estão entre os 10 filmes mais vistos na história do cinema brasileiro.
Poster da época |
Toda a Era dos Trapalhões nos
cinemas começou com a comédia musical Na Onda do Iê Iê Iê, com roteiro de
Renato Aragão, Jarbas Barbosa, Braz Chediak e Aurélio Teixeira; dirigido por
Aurélio Teixeira e lançado em 1966. O filme ainda era em preto e branco.
Mais um poster da época |
A trama do filme acompanha os
amigos Didi (Renato Aragão) e Maloca (Dedé) que tentam ajudar o amigo César
Silva (Silvio César) a tornar-se um cantor profissional. Durante uma festa,
César se apaixona por Mônica (Valentina Godoy), filha de um poderoso dono de
uma gravadora (interpretado por Mário Lago). Toda a turma terá que enfrentar as
armações de Milton Carlos (José Augusto Branco), um cantor mau caráter que quer
dar o golpe do baú em Mônica, casando-se com ela e tomando a gravadora.
Didi e Dedé no filme |
O filme é um grande musical e
para os dias de hoje é completamente datado, algo que é completamente normal. A
música predominante do longa é a da Jovem Guarda e temos a participação de
diversos cantores da época, tais como o próprio Silvio César, Paulo Sérgio,
Wilson Simonal, Wanderley Cardoso, Rosemary, Clara Nunes, The Fevers, Os Vips,
Renato e seus Blue Caps e The Brazilian Bitles (sim, existia um grupo assim). O
filme ainda conta com a participação especial de Chacrinha interpretando a ele
mesmo.
Silvio César como César Silva |
Quanto à dupla de Trapalhões, Didi e Dedé, ambos estão bem diferentes
do que estamos acostumados. Aqui eles ainda estão bem tímidos e começando a
usar a “comédia corporal” que conhecemos tão bem de seus outros filmes e do
programa da TV. Na Onda do Iê Iê Iê nos apresenta uma espécie de dupla “pré
Didi e Dedé”. Eles ainda não eram do jeito como o conhecemos e como foram
consagrados pelo público. Digamos que ainda estavam conhecendo a forma de
interpretar a eles mesmos, ainda estavam em formação. O que é completamente
irônico, pois no primeiro curta metragem feita pela dupla chamado APedra do Tesouro de 1965, eles já fazem todo o humor tão característico
dos Trapalhões. Talvez a intenção em Na Onda do Iê Iê Iê era colocar a
dupla como coadjuvante do filme mesmo para que não roubassem a atenção dos
cantores e dos números musicais.
Mônica (Valentina Godoy) e Milton Carlos (José Augusto Branco) |
O filme é bem regular para fraco.
Tem cenas que chegam a ser estranhas, pois sentimos que os atores estão
esperando o momento certo de soltar suas falas ou as soltam de forma meio
mecânica, meio robotizada. Claro, que este filme tem um valor histórico
importantíssimo, não só por ser o primeiro filme dos Trapalhões (mesmo sendo
ainda apenas a dupla Didi e Dedé), mas também pelos números musicais
apresentados na película. Este também foi a estreia de Renato Aragão no cinema,
já que o curta A Pedra do Tesouro só foi lançado comercialmente em 2005.
Mário Lago como o dono da gravdora |
É engraçado ver as gírias da época que hoje em dia já caíram em desuso. Gírias como "bicho", "morou", "dar um guenta", entre tantas outras que farão a nova geração coçar a cabeça imaginando que tipo de dialeto é esse que era usado nesta época. O tempo passa mesmo...
Paulo Sérgio ao lado de Chacrinha no filme |
Apesar de ser um filme bem
fraquinho e quase não ter nada dos Trapalhões nele, vale a pena dar uma conferida para quem quer assistir a toda a
filmografia dos Trapalhões, como é o meu caso. E para quem me conhece, sabe que
eu gosto de ver tudo na sua ordem cronológica. Portanto, vejam os primeiros
passos de Didi e Dedé nos cinemas e se requebrem muito ao som do Iê Iê Iê. Aí embaixo, tem um pedacinho do filme que está disponível no YouTube. Deem uma conferida!
Um grande abraço!
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