Agradar a uma grande quantidade de pessoas é uma tarefa árdua e muito complicada. Quando se trata em agradar ao público brasileiro então, parece que a coisa fica ainda mais difícil. Sinceramente, não consigo entender a mentalidade das pessoas. Quando a Netflix anunciou que lançaria a primeira série brasileira no seu serviço de streaming, a reação já começou negativa por parte do público. Eu confesso que fiquei muito empolgado e essa empolgação só aumentou quando li a sinopse da série e triplicou após assistir ao primeiro trailer da série.
Poster da série |
Em 25 de novembro de 2016 estreou a primeira temporada contendo 8 episódios com duração média de 46 minutos. Como a curiosidade já me tomava há tempos, fui logo assistir ao primeiro episódio e acabei assistindo aos 4 primeiros episódios numa tacada só, pois a trama me pegou de jeito. Vou tentar escrever pouco para não arruinar nenhuma surpresa ou gerar spoilers desnecessários, pois a grande graça aqui é o suspense em volta dos acontecimentos de cada episódio.
Da esquerda para direita: Fernando, Marco, Joana, Rafael, Michele e Ezequiel. |
A série nos mostra um futuro não específico onde o mundo está devastado. A população remanescente vive no Continente, uma espécie de favela gigante, onde não há comida, água, segurança, nada. Quando o indivíduo alcança a idade de 20 anos tem o direito de passar pelo Processo e tentar ir viver em Maralto, um local com alta tecnologia, segurança, alimentos e água a vontade, tudo do bom e do melhor, porém apenas 3% dos candidatos conseguem passar neste duro processo. Toda a trama me lembrou muito os filmes Jogos Vorazes e alguns amigos que assistiram a franquia compararam também com Divergente.
Os candidatos no Continente |
Acompanhamos mais uma turma que tenta passar no Processo. As provas são cruéis, duras, mexem com o psicológico dos participantes e muitas vezes são injustas. Somente os mais inteligentes, os mais determinados e os mais preparados vão conseguir alcançar o sonho de uma vida melhor. Cada candidato tem seu próprio motivo para participar do Processo, nem todos estão ali só por uma vida melhor. Uns querem cura para alguma doença, outros querem vingança, outros querem apenas se esconder, uns querem manter a tradição familiar de passar no Processo, enquanto outros estão associados com A Causa (uma espécie de rebelião que é contra o processo injusto e luta por um mundo melhor para todos e não apenas para 3% da população). Até qual limite o ser humano é capaz de chegar e enfrentar por uma vida melhor?
Grupo junto no meio de uma prova |
O elenco de 3% é ótimo e os grandes destaques aqui vão para João Miguel, que interpreta Ezequiel, para Rodolfo Valente, que interpreta Rafael Moreira e para Vaneza Oliveira, que interpreta Joana Coelho. Vamos abordá-los um a um, começando por Ezequiel. Ele é o responsável pelo Processo. Ezequiel é frio, calculista e leva todos os candidatos ao extremo. Seu personagem carrega um segredo valioso para a trama.
Ezequiel, líder do Processo |
Rafael é o mau caráter da turma. Faz qualquer coisa para passar no Processo, inclusive trapacear. Tamanha determinação será para ter uma vida melhor ou algo mais motiva este personagem? Joana demonstra não estar nem aí para o Processo, mas acaba se revelando uma das competidoras mais fortes dos candidatos. Estes três personagens foram os meus favoritos e os que mais contribuíram para que a trama da série ficasse a cada novo episódio mais intrigante e envolvente.
Joana, uma fortíssima candidata com um passado sofrido |
Como falei no princípio deste texto, não consigo entender as pessoas. Claro, cada um é cada um e cada um tem seu gosto. Não dá pra agradar a todos e nem sempre o que é muito bom para uns, será bom para outros e vice-versa.... mas, confesso que não entendi o porquê de tantos sites especializados em entretenimento terem achado a série fraca ou previsível. Eu, ao menos, não vi nada disso. Vi uma série forte, intrigante, envolvente e que te prende do começo ao último episódio e que ainda te deixa pensando nos desdobramentos que serão mostrados na segunda temporada. O mal do brasileiro é sempre esse: idolatra qualquer coisa feita lá fora e não reconhece méritos nas coisas feitas aqui no Brasil, ainda mais quando temos coragem de fugir da comédia tradicional ou do dramalhão que sempre vemos sendo triplicados por aí anualmente.
Rafael, mau caráter ou apenas buscando algo maior? |
3% foi inspirada num episódio piloto lançado em 2009 no YouTube, foi oficializada como a primeira série brasileira do Netflix em março de 2016, foi ao ar em 25 de novembro de 2016 e em 4 de dezembro de 2016 veio a confirmação da segunda temporada, ainda sem previsão de estreia.
Mais uma bela foto dos principais candidatos |
Se vocês ainda não assistiram esta ótima série, vão agora mesmo no site da Netflix e assistam. Tirem suas conclusões e prestigiem a primeira série brasileira do Netflix. Vamos ver se vocês ficarão orgulhosos de tudo feito, assim como eu fiquei, e mandarão todos os envolvidos para o Maralto do mundo pop/nerd, ou se vocês não irão curtir e mandarão os envolvidos continuarem sofrendo no Continente. E lembrem-se sempre do que Ezequiel repete a todo momento: "Você é o criador do seu próprio mérito", e 3% mandou bonito no mérito de ser uma ótima série.
Um grande abraço.
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