Pôster do filme |
Mais uma vez a Pixar e a Disney surpreendem! Se engana quem acha que as animações são feitas somente para as crianças. Impossível não ver essa animação e ligar à Pequena Sereia (1989). Só que ao invés de trabalhar a questão do amor romantizado, a Pixar prova mais uma vez que boas amizades devem ser importantes para uma vida toda. Situado na famosa Riviera Italiana e muito bem contextualizados com o idioma e costumes locais, conhecemos nosso protagonista, uma espécie de monstro marinho que sempre foi orientado por seus pais em uma educação rigorosa, a nunca conhecer a superfície, porém um dia ele conhece Alberto, que também é um monstro marinho. Só que o seu diferencial é que ele ama a superfície e quando monstros marinhos deixam a superfície, eles automaticamente se tornam humanos, uma espécie de autodefesa.
Alberto e Luca |
Alberto se torna uma espécie de mentor, especialista do mundo humano e passa para Luca todo seu aprendizado e as vantagens deste universo, até então desconhecido. É muito interessante como a amizade dos dois tem uma parceria e uma troca muito boa, como nas amizades em que um entende mais de um assunto do que o outro. A sintonia de Luca e Alberto, e principalmente por serem crianças, trazem toda uma inocência, e isso serve de base para todo o desenvolvimento da narrativa.
É interessante como o diretor ainda aponta no cenário humano, a questão das diferenças. Para o ser humano, o monstro é sempre que fará o mau, apenas por ele ser diferente. Mas, aí vem o questionamento: será que o diferente é sempre ruim? A chegada de Giulia vem para reforçar justamente isso. Ela acolhe Luca e Alberto, mesmo sem saber o que eles realmente são, simplesmente pela amizade. Mais uma vez, aqui, se reforça que não é preciso de muito para ser feliz. Somente bons amigos. Giulia ainda apresenta à dupla o Campeonato Portosso, que é uma importante competição local que consiste em nadar, andar de bicicleta e comer macarrão. Tudo isso com o principal objetivo de vencer o pentacampeão, e vilão, Ercole Visconti, que torna-se um forte concorrente e faz de tudo para atrapalhar o trio.
Giulia, Luca e Alberto |
O longa não busca deixar o foco na presença do vilão Ercole. Ele é mais um desafiador. Apesar de mostrar traços como a intolerância ao diferente, ele ajuda a contar a história do protagonista. A animação ainda consegue ser um prato cheio de aventuras. É impossível não se apegar ao trio e viver os desafios junto com eles. Luca é o cara que só quer viver, Giulia é aquela curiosa que quer descobrir mais do mar, enquanto Alberto representa a liberdade, e ao mesmo tempo, o medo de mostrar quem realmente ele é.
Ercole, o vilão do filme |
O que talvez deixe a desejar seja a mitologia dos seres marinhos, claro que isso não é um defeito digamos grave, mesmo assim a história funciona perfeitamente. O filme tem material de sobra para dar o pontapé inicial, mostrar as suas motivações e mostrar os seus maiores conflitos sem que essa história dos monstros marinhos seja explicada e isso também pode ser considerado um ótimo ponto positivo
Luca e Alberto se divertindo |
Luca é um filme necessário. Ele vem para provar que não precisa de muitos efeitos especiais e nem muita fírula para se contar uma história. A obra consegue mostrar que a amizade da infância é algo que todos os adultos desejam, por mais que ninguém assuma para si mesmo. E mais ainda, a trama consegue tocar em um assunto muito discutido no ano de 2021: a intolerância e o preconceito, temas que mostram como a auto aceitação se faz presente e que as pessoas não precisam julgar o outro por ser diferente, mas sim se deve aceitá-los, sobre laços que devem ser levados para todo uma vida.
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