Pois é, para a maioria de nós, fãs brasileiros de Tokusatsu, especialmente os fãs de sentais, a história começa em meados dos anos 80, mas os sentais completam 40 anos. Dia destes, eu refletia sobre o quão rica é a franquia. Todo o tipo de história e personagens já apareceu: piratas, anjos, crianças, animais, policiais, etc; toda uma gama de pessoas e motivações diferentes já pintou nas telinhas nipônicas.
A longevidade do Super Sentai é algo invejável; muito difícil manter um seriado por 3, 4 temporadas, que dirá manter por 40 anos! Não que seja exatamente a mesma coisa, mas manter um certo padrão é algo muito complicado, já que o mundo está em constante mudança e agradar ao público nem sempre é tarefa das mais fáceis. Os sentais passam por um momento de instabilidade, e não é bem de hoje: o público-alvo vem mudando, o mundo tem aceitado cada vez menos situações que considere politicamente incorretas, e fica complicado fazer algo que possa agradar à maioria. Contudo, é um gênero de tradição e inegável qualidade histórica; em alguns pontos, uma qualidade maior, em outros, nem tanto, mas não vem ao caso. Não é o que importa para este texto.
O fato é que são 40 anos de história e muita gente passou pelo caminho do herói e do vilão, marcando a vida de muitas crianças/adolescentes/adultos por todo um tempo ou toda a sua vida. Nós somos prova disto, com Changeman e companhia. A Toei tem passado por uma crise de popularidade com os heróis coloridos, mesmo quando as séries são boas. Como disse acima, o público mudou, está mais chato (sim, chato) e exigente, e nem sempre os roteiristas acertam a mão. O fator financeiro também fala alto, e isto atrapalha muito mais do que possa parecer.
Amu, Leo, Yamato, Sela e Tusk. |
A chegada de Doubutsu Sentai Zyuohger, após fracassos como Ninninger e Toqger, pode ser uma boa sacada: os sentais comemorativos costumam ser bons. Com apenas 4 episódios lançados, Zyuohger, até o momento, caiu no meu gosto, e por várias razões: ao contrário dos personagens insossos de Ninninger, Zyuohger traz um grupo fácil de se afeiçoar. Acredito que se mantenha esta toada, e espero sinceramente que sim.
Zyuohger abriu com um excelente episódio de abertura, algo que eu não via desde Gokaiger, com uma ideia muito interessante de usar os cubos e unir dois universos distintos, Terra e Zyuland. Eu achei muito criativo (mesmo já tendo acontecido em Gekiranger), os animais antropomórficos e com todo um eco-sistema próprio. Eu vi referências à vários sentais anteriores, como Goggle Five, Go-Busters, o próprio Gokaiger, entre outros. Outra coisa que tem me agradado é que o roteiro não tenta reinventar a roda: coloca os personagens na busca pela volta para sua terra, enquanto enfrentam os Deathgaliens e seu Blood Game.
Aliás, Zyuohger já teve uma parcela interessante de mortes, acredito que no episódio três. Claro, de uma maneira velada, já que o politicamente correto é imperativo, mas elas estavam lá. O Blood Game (desculpem, tenho visto os episódios em inglês, pois saem mais rapidamente) é algo que me chamou muito a atenção: uma caçada à seres vivos através do universo é um mote dos mais interessantes para se abordar. Quem, nos dias de hoje, imaginaria um Super Sentai com uma caçada humana (não apenas humanos)? Eu, particularmente, não.
Ainda é muito prematuro para fazer qualquer análise mais aprofundada no que vem por aí nos próximos meses, mas Zyuohger, por ora, mostrou que a Toei está investindo bastante em seu novo esquadrão. Mestre Genis é o tipo de vilão que me agrada: o sadismo clássico de ver as pessoas se destruindo para seu prazer pessoal, brincando com vidas sem o menor escrúpulo. Seus generais ainda são incógnitos, mas partilham do mesmo sadismo, o que é ótimo para a trama.
Nossos novos heróis são bem carismáticos, também. Ainda não falarei muito deles, mas Yamato, Tusk, Sela, Amu e Leo tem tudo para se transformarem num grupo forte e destemido (já demonstram isto), além de mostrarem boas qualidades individuais. Até o momento, Sela e seu jeito seco e Power Girl de ser, Amu e seu pessimismo realista otimista, Tusk e o clássico herói low profile e Yamato e sua ligação com a natureza e bondade me deixaram bastante satisfeito. Leo ainda é um tanto incógnito para mim, mas o achei interessante, de seu modo. Zyuoh King, chamado de Mecha Minecraft, é uma grata surpresa. Seu minimalismo é bom. Mechas superelaboradas se tornam cansativas, informação demais. Eu acredito (até agora), que a Toei esteja reencontrando a coragem de ousar, de fazer o inesperado. Tentado, ela tem. O problema é que ela bate de frente com as limitações impostas por suas amarras e pelo próprio mundo. Não sei se terão coragem de seguir o caminho da "ousadia", mas torço demais para que sim.
É difícil de prever se os roteiristas seguirão por este caminho que pode levar a batalhas épicas e muitos momentos tensos para os heróis, já que a Toei lida com vários fatores mercadológicos que ela precisa atender, mas pelo pouco mostrado, Zyuohger é promissor. 40 anos de história estão aí, e qualidade a Toei sempre teve, exemplos não faltam ao longo de sua história.
Que os Super Sentais vivam por mais 40, 80, 120 anos, pois o mundo precisa de heróis.
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