terça-feira, 21 de junho de 2016

Kamen Rider Kiva - uma obra de arte em forma de tokusatsu


Costumo pensar que tokusatsus são uma forma de arte e, dentro desta linha de pensamento, Kiva sintetiza perfeitamente o termo. Kamen Rider Kiva foi o primeiro Rider Heisei que assisti e, devo dizer, foi apaixonante, uma experiência deslumbrante.

De início, estranhei um pouco a temática (a qual explicarei mais adiante) e o andamento dos episódios, mas logo fui conquistado pelos personagens e pelo forte teor teatral contido neste rider em específico. Kiva não pode ser comparado com os demais heiseis; segue uma linha única, que nenhum outro, por melhores que possam ser, conseguiu. A teatralidade e teor dramático contidos na série, além de várias jogadas ousadas, ainda mais em se tratando de um "produto para crianças" me deixaram sempre na expectativa pelo o que viria.

Exemplo de Fangire.


A história de Kiva baseia-se na luta contra os Fangires, espécie de monstros hematófagos (vampiros), que sugam a energia vital das pessoas. As criaturas perseguem pessoas e as matam. Não me recordo se todos têm forma humana, mas acredito que quase a totalidade deles a possui. Cada Fangire representa ou um animal ou algum objeto, e possuem personalidades bastante distintas. Um jovem chamado Wataru Kurenai se vê no meio desta batalha e, mesmo não se achando um guerreiro, assume o papel de Kamen Rider Kiva e passa a trilhar o caminho do herói, tal qual deve ser.

Wataru e Kivat.

A vida de Wataru não difere muito da dois demais jovens japoneses: é um rapaz tímido que vive num casarão e trabalha como luthier de violinos, enquanto sua vizinhança o considera algo como um fantasma. Vive com uma garota chamada Shizuka Nomura, que faz praticamente o papel de mãe dele, ajudando-o em todo o tipo de interação social e quando ele se mete em problemas por seus hábitos estranhos.

Wataru e Shizuka.

Além dela, Wataru tem seu inseparável Kivat, o "driver" de transformação. Assim como em Kamen Rider Drive, o driver é "um ser vivo". Kivat é um morcego que perambula pela casa e sempre precisa tirar Wataru de suas neuroses sobre não ser forte e pelo excesso de insegurança.

Ao longo dos 48 episódios, Wataru passar por uma transformação tão grande que é praticamente impossível comparar o garoto que abre a série com o homem que a termina. Kiva tem o seu ponto mais forte na história complexa que apresenta: são vários personagens e todos dependem uns dos outros em algum momento da trama, sendo necessária interação ou descoberta de algum fato do passado para poder elucidar algum mistério. Quanto mais a série avança, mais aumentam as reviravoltas e o apelo para o teatro, com várias cenas dramáticas e atuações fortes. Não que Kiva seja uma série para encher de lágrimas os olhos do expectador, mas este rider tem um estilo de falas bem diferenciado; a construção das conversas, os comportamentos de boa parte dos personagens soa diferente, distinto. Redundância proposital.

Otoya e uma de suas tiradas maliciosas. Eram várias!

Agora, um dos maiores personagens que já pude ver num tokusatsu: Otoya Kurenai. Se você acha que tokusatsus sempre seguem uma linha "politicamente correta" nos dias atuais, vai cair do cavalo ao ver a figura de Otoya: mulherengo ao extremo, jogador inveterado, bon vivant, malicioso e cheio de piadas, Otoya toma para si o protagonismo de boa parte da trama. Ouso dizer que ele foi o personagem mais ousado que a Toei criou em termos de falar o que pensa, ainda mais em questões como o sexo. Eu não consigo imaginar um outro personagem (sei que existiram outros mulherengos antes) que tivesse a coragem de dizer o que Otoya dizia. Além disto, a atuação de Kouhei Takeda foi magistral. Otoya foi um mito, ponto.

O caçador de cabeças Nago.

Para não falar muito da trama, pois qualquer detalhe que eu der estragará o show para quem está para assistir, me concentrarei em alguns personagens, sendo o primeiro Nago Keisuke, o Kamen Rider Ixa. Tenho impressões conflitantes sobre Nago: ora eu o acho um chato por seu jeito seco e rígido de ser, ora o acho um personagem interessante JUSTAMENTE por ser assim. Implacável e inflexível com o que considera correto, Nago atravessa o caminho de Wataru e demais personagens para cumprir suas missões particulares. Um homem focado ao extremo no que faz, capaz que agrade quem procura um rider secundário implacável, firme.

Megumi conseguia ser chatamente linda e lindamente chata.

Megumi Aso, a caçadora de Fangires que segue os passos de sua mãe, muito antes falecida. A relação dela com Wataru é um pouco mais indireta, de início, já que ele não é um garoto muito sociável e ela o acha estranho. Megumi tem várias qualidades, mas, em vários momentos eu a considerei uma personagem chata. Talvez eu não a tenha compreendido corretamente, mas Megumi conseguia ser uma personagem enxerida e um tanto repetitiva com certos hábitos.



Um outro ponto que preciso destacar em Kiva é a forte relação com a música, e, em especial, com o violino. Tanto Otoya quanto Wataru aparecem ou tocando ou portando violinos. Otoya era um virtuose que desistiu de tocar por razões desconhecidas, e Wataru toca e conserta violinos, sempre buscando a perfeição.

Para não entregar detalhes sobre a trama, terei de deixar vários personagens de fora deste review, mas adianto que existem vários e que, como disse, no início do texto, suas vidas vão se cruzando em determinados pontos da história. Alguns que imaginávamos serem os vilões, acabam sendo vítimas de escolhas erradas do passado ou das circunstâncias, outros passam por modificações drásticas, outros cumprem papéis mais secundários, mas sempre aparecem em momentos que algum personagem precisa de conselhos, ajuda ou etc. Kiva e Hibiki tem isto em comum: não são séries para serem vistas como riders comuns. Ambos têm um forte diferencial, que é a história bem trabalhada durante os episódios. A trilha sonora é ótima, tem uma abertura das mais bonitas que já vi e o visual tanto dos riders quanto dos monstros é lindo. Fora o Rider Kick mais belo que já pude ver.

O rei. Uma das peças do tabuleiro de Kiva.

Não espera lutas longas em Kiva, espere por episódios bem-feitos, a temática vampiros bem trabalhada e personagens que se desenvolvem bastante. Kiva, fazendo uma releitura informal de seu bordão, "quebra as correntes da mesmice". Espero ter conseguido, ao menos um pouco, aguçar a curiosidade sobre este rider incrível que é Kamen Rider Kiva. Não se arrependerão de assistirem.

"Acorde! Quebre as correntes do destino!".

2 comentários:

  1. Eu adorei kamen radir kiva o primeiro episodio nao gostei tanto que desistir ai outro dia voltei a assistir e apartir di segundo episodio amei foi demais

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    1. Sim, Kiva parece meio devagar, mas é uma série apaixonante.

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