sábado, 9 de julho de 2022

The Boys - Terceira Temporada: Um final Aquém para uma série muito Além.

 


O título pode soar estranho, mas vou tentar, ao máximo, fazer sentido. Para quem acompanhou a terceira temporada de The Boys, que teve seu encerramento nesta quinta-feira (07), sabe muito bem que foi uma temporada bastante intensa; mais do que ambas as duas anteriores juntas.

Contudo, houve erros que precisam ser comentados, mas vamos por partes. A inserção do tão falado Soldier Boy (Jensen Ackles) abalou as estruturas de ambos os lados da moeda: os Boys, capitaneados por William Butcher (Karl Urban), e Os 7, comandados por Homelander (Antony Starr), se viram numa encruzilhada; como enfrentar a possível maior ameaça já existente, e ainda sair vivo? Este pensamento permeou todas as mentes, das mais variadas formas. Alguns hesitaram em combater o novo inimigo, outros, o quiseram como aliado, ao menos de forma temporária, e em termos bastantes maleáveis.

Afirmo, sem medo de errar, que esta foi a melhor temporada de todas: violenta, tensa, dramática, ácida, sarcástica como nunca se viu. De fato, o roteiro veio bastante afiado; o suficiente para poder nos cortar na pele, a cada cena, inclusive do famigerado "Herogasm". O capricho em cada fala, cada personagem, cada acontecimento, elevou The Boys a um patamar que será difícil por outra série de ficção científica (ao menos envolvida com heróis) alcançar. Cenas antológicas de ação, drama, comédia, tudo muito bem amarrado por um roteiro coeso, conciso e por atuações brilhantes, especialmente as de Antony, Karl e Erin Moriarty, a Starlight. 

Sem desmerecer os demais, estes três dividiram os holofotes, especialmente Starr. Nosso querido Homelander (não consigo me acostumar com "Capitão Pátria") teve, sob minha ótica, a melhor atuação de sua carreira, flutuando da maldade, passando por humor, sofrimento, angústia, ódio, megalomania, com total naturalidade. Finalmente conseguimos ver que Homelander tem diversas camadas psicológicas a ser exploradas, e que, como todo ser, tem momentos de fraqueza. A palavra que melhor define a atuação de Antony Starr é brilhante, e, se na temporada anterior, ele e Aya Cash (Stormfront) foram premiados por suas atuações, acredito que a estante de Antony vá ficar um pouco mais cheia.

Mas, como nem tudo são flores, vou explicar o motivo de achar que o final foi aquém. The Boys teve apenas 8 episódios, e os 7 primeiros (como o número 7 diz, o número da perfeição) foram impecáveis. Mesmo Herogasm, que era uma grande preocupação minha, já que não queria que uma série com uma narrativa tão interessante caísse na banalização sexual que muitas outras recorrem, superou minhas expectativas, pois a produção tomou o cuidado de mostrar que houve uma orgia, com direito à cenas mais picantes, mas manteve o roteiro afiado, a narrativa dramática consistente e conflituosa entre as equipes e o que seria do futuro.

Quando saiu o episódio final, parece que os roteiristas quiseram agradar Gregos e Troianos, e conseguiram, mas fazendo escolhas muito questionáveis. Construíram uma narrativa tensa e poderosa, para, no momento derradeiro, fazerem escolhas simples e óbvias, buscando atalhos para resolver todo o atrito criado. Simplicidade costuma ser uma coisa boa, mas quando se constrói uma atmosfera tensa e densa, ir por escolhas óbvias para simplesmente agradar, não é uma boa ideia.

Colocando de maneira simples, praticamente fizeram um "reset" em tudo o que foi abordado, e, de maneira tosca e incoerente, modificaram determinados personagens sem uma razão específica, um real motivo. A terceira temporada despontava para um final épico, mas nos foi dado um "final arroz com feijão", sem grandes surpresas e com pontos decepcionantemente desenvolvidos. Não foi um final de todo ruim, mas mediano. Muito do que foi construído durante os 7 episódios iniciais culminou em nada, como se sequer tivesse acontecido. Como eu disse, no início do parágrafo, um perfeito reset. Muitos podem gostar da ideia de tudo voltar ao seu início, mas, para mim, e boa parte dos que assistiram, ficou o gosto amargo de "andamos tanto para chegarmos ao mesmo lugar". 

Foi um final aquém do que poderia, para uma série que está bastante além do simples e óbvio. Agora, resta aguardar a quarta temporada, já que, mesmo com os erros cometidos no episódio final, ficou cheia de ganchos interessantes para pegar.

sábado, 26 de março de 2022

THE BATMAN: o melhor Batman de todos? (SEM SPOLIERS)


Ainda em 2017, quando anunciaram que um novo filme do Batman estava a caminho, eu fiquei bastante entusiasmado. Eu, como fã do personagem desde os 7 anos, sentia que ,finalmente, iria ver o Batman como sempre sonhei nos cinemas: um Batman mais próximo das HQs, e apesar de eu ter gostado muito de alguns filmes do Batman do passado (não todos), ainda não era o Batman que eu sempre esperei. O Batman do Ben Affleck, de Batman vs Superman, era o que tinha chegado mais perto disso pra mim e um filme solo desse personagem, chamado The Batman, com o próprio Affleck, na direção estava sendo encaminhado.




O tempo foi passando, e depois de inúmeros problemas envolvendo Warner, Zack Snyder, Joss Whedon e o próprio Ben Affleck, o projeto The Batman acabou indo parar nas mãos de Matt Reeves, que decidiu por um novo reebot, sem ligação com o "Snyderverse" ou o DCU. Daí, então, veio o anúncio de que o Batman agora seria interpretado pelo Robert Pattinson. 

Eu disse: "O QUE?? COMO ASSIM, ROBERT PATTINSON??? ELE NÃO TEM NADA A VER COM BATMAN!". É, meus amigos... Queimei feio a língua e estou imensamente feliz por isso, porque The Batman era o Batman que eu esperei pra ver a minha vida inteira no cinema, tanto que fui outras três vezes rever o filme, que, apesar das três horas de duração, sequer vi o tempo passar. 

Em The Batman, temos o lado detetive do personagem sendo explorado como nunca antes visto em nenhum filme; a história que tem várias influências de Batman: o Longo Dia das Bruxas e Batman: o Impostor, mostra o serial killer Charada matando o prefeito e várias pessoas importantes da cidade de Gotham, e cabe ao Batman, com ajuda do tenente Jim Gordon, solucionar esse mistério, que envolve corrupção, conspiração, e segredos que podem mudar pra sempre a vida de todos, incluindo a do próprio Batman.









Matt Reeves, com o seu The Batman, foi o único que teve a coragem de mostrar, sem cerimônia nenhum,a quem o Batman realmente é: um ser atormentado, que sofre de sérios problemas psicológicos, pois um sujeito que sai toda noite vestido de morcego pra espancar bandidos não é uma pessoa normal, e a impressão que eu sempre tive dos outros filmes é os diretores anteriores meio que tentavam justificar isto, como se tentassem dizer que "não é bem assim". Até mesmo o superestimado Nolan com sua "abordagem realista", parecia que tinha vergonha de mostrar o símbolo do morcego no bat-traje, pois mal dá pra enxergar. 

Em The Batman, a loucura e a excentricidade são abraçadas como nunca visto antes; o Batman aqui tem uma pegada à lá "Michael Mayers", da franquia Halloween, da forma que chega caminhando "do nada" e assustando criminosos. Robert Pattinson, que foi extremamente criticado (inclusive por mim) entrega um Batman extraordinário, e, sim, ROBERT PATTISON É O MELHOR BATMAN DO CINEMA, no meu entender. Muitos criticam o seu Bruce Wayne ser depressivo e que não é aquele playboy milionário debochado, que sai com várias modelos ao mesmo tempo e etc. 

Muitos que criticam parecem não entender, até hoje, o que é o Bruce Wayne: que o Bruce é o disfarce e que Batman é sua verdadeira personalidade; então, aqui temos um Batman com apenas 2 anos de carreira e que ainda não desenvolveu o "personagem playboy Bruce Wayne" como seu disfarce. Todos os personagens estão incríveis, porém quem me chamou atenção foi o Pinguim do Colin Farrell, que está irreconhecível. 

Você não vê Colin Farrell no filme; você vê o Pinguim dos quadrinhos na tela. É simplesmente uma experiência indescritível ver um personagem de quadrinhos ganhando vida, de forma tão perfeita! Zoë Kravitz, pra mim, já é melhor Mulher Gato do cinema: linda, sensual e sexy sem precisar ser vulgar; o Charada, por mais que critiquem o seu visual, baseado no assassino do Zodíaco, funciona perfeitamente nessa visão do Matt Reeves. Paul Dano faz um trabalho maravilhoso e o seu Charada realmente é assustador.






Não poderia deixar de falar do Batmóvel. Afinal de contas, o que seria do Batman sem o possante mais famoso da cultura pop? E aqui, meus amigos, temos, simplesmente, um Dodge Supercharger 1969 totalmente adaptado, mais imponente e mais intimidador do que seus antecessores. Matt Reeves conseguiu transformar o Batmóvel em um demônio de metal sobre rodas no melhor estilo "Christine: o Carro Assassino": a cena da sua primeira aparição é simplesmente surpreendente, e me causou um misto de sentimentos que não tem como descrever em palavras; só assistindo pra saber. 

Enfim, diante de tudo isso, posso concluir que The Batman é o melhor Batman de todos os tempos, pois foi o único filme que apresentou quem o personagem realmente é, e, por isso, disse que esse era o Batman que esperei a minha vida inteira! Obrigado, Matt Reeves, e me perdoe, Robert Pattinson: você conseguiu calar minha boca e queimou minha língua, assim como Michael Keaton fez, há 33 anos atrás, com o pessoal que o criticava, pedindo a sua demissão. Parece que intérpretes do Homem Morcego sendo criticados não são algo novo na história da cinematografia.





Até a próxima, meus amigos!



Maluco?? Eu não sou maluco!!!

Só para não perder a piada!

domingo, 3 de outubro de 2021

[Jogos] Tormented Souls - 2021



Se você já era nascido antes dos anos 2000, certamente já ouviu falar ou jogou o gênero Survival Horror, clássico por jogos como Resident Evil, Sillent Hill, entre outros. Tormented Souls, lançamento da produtora PQube, em 26 de agosto deste ano, é a nova aposta para os amantes deste tipo de jogo.



Tormented Souls narra a estória de Caroline Walker, uma garota comum, que recebe uma carta estranha e, após passar por vários tormentos (trocadilho), vai até a ilha de Winterlake, investigar o que ocorreu com gêmeas enviadas numa foto, dentro da carta. Além da foto, a carta continha uma mensagem e um endereço, nada mais. Mal sabia ela que sua jornada seria um pesadelo.

Com direito a todos os clichês do Survival Horror, como inúmeros quebra-cabeças, chaves para encontrar, itens para usar e combinar, mansões abandonadas, hospitais desertos, monstros horripilantes e uma narrativa que avança para o quão cruel pode ser a raça humana, Tormented Souls é um grande lançamento, mesmo para os não-fãs de jogos de horror e de dificuldades moderadas. Isto sem falar das armas engenhosas que aparecem, durante o caminho.

As mecânicas são ao velho estilo "Controle de Tanque", com as quatro setas para andar, um botão de corrida, e mouse para interagir, atirar e abrir portas, além da tradicional câmera fixa, que ajuda a manter o mistério de cada cômodo em que a protagonista entra.

Caroline Walker, em imagem conceitual do jogo.

O jogo conta com gráficos espetaculares: o design dos ambientes traz o clima perfeito de suspense e solidão, com áreas cheias de escombros e itens abandonados. Os inimigos têm um design igualmente espetacular: são grotescos, mutilados, cheios de partes metálicas pelo corpo e faltando outras partes. Outro ponto forte é o som: a melancolia dita o tom; em todos os ambientes, existe a sensação de solidão e de que alguém te espreita, já que é muito comum ouvir barulhos como grunhidos, gemidos, ranger de madeira e sons de coisas caindo. Não há uma grande variação na música, o que mantém o ambiente sempre sombrio e só se alterna na presença de inimigos. No mais, você se sente num eterno senso de desespero, justamente causado pela música sombria e repetitiva.

Um ponto que difere Tormented Souls de seus antecessores reside justamente na solidão: diferentemente de jogos anteriores, Caroline está constantemente sozinha. Salvos encontros com inimigos, outras pessoas são raras e apenas em momentos bastantes específicos. Chega a dar agonia. Mesmo avançando no jogo, você tem a sensação contínua de estar sozinho e perdido, e o pior de tudo: no escuro, portando apenas um isqueiro antigo que você recebe instruções para não apagar. Já adianto: melhor seguir esta instrução fielmente!

Outra coisa que me chamou a atenção (embora não achasse necessária para a estória), é a presença de nudez, mesmo que em uma única cena. Ok, era algo que tinha uma razão, mas me surpreendeu ver a protagonista tão exposta. O jogo acaba por pecar um pouco nisto, já que, depois de vestida, ao correr, levar um susto, atirar ou virar-se bruscamente, é possível você ver a calcinha de Caroline por completo. Só pode ter sido proposital, já que, de todo o seu corpo, a única parte que esvoaça é seu vestido; mesmo seu cabelo é estático o tempo todo.

Não desabona as qualidades da narrativa e da experiência de jogo, mas poderia ser evitado.

Pontos Fortes:

Gráficos.
Desenvolvimento do enredo.
Som.
Sensação de solidão.
Muitos quebra-cabeças.
Ambientação perfeita.
Nostalgia de clássicos como Resident Evil.
Preço: apenas 38 reais, na Steam.

Pontos Fracos: 

Estória batida.
Mapa difícil de entender.
Jogabilidade um pouco travada.
Alguns bugs.
O leve erotismo.
Falta de mais personagens e outros modos de jogo (por enquanto).

Resumo da ópera: Tormented Souls é um jogo excelente, com uma narrativa envolvente, do início ao fim. Gráficos e som espetaculares, muitos mistérios e descobertas. Muitas horas de jogo garantidas, além de revigorar um gênero que parece estar se perdendo.

Trailer Oficial: