A Era Heisei está por terminar, com Kamen Rider Zi-O sendo seu último representante, então é interessante fazer uma breve reflexão do que a Era Heisei significou para os motoqueiros (quase sempre motoqueiros) mascarados, como seria a tradução para "Kamen Rider".
Nestes 20 heróis e todos seus ajudantes e inimigos, é de se notar uma coisa: a Era Heisei desmistifica aquilo de "Tokusatsu é para criança", ao menos em parte. Em todos os riders, pudemos experimentar sentimentos e reações que não são tão comuns para crianças, tais como raiva, tristeza, alegria, euforia, decepção, superação, uma vontade inabalável de ver nossos queridos heróis vencerem toda a maldade que os cercava, em muitos casos, quase perdendo suas vidas.
Posso, de maneira muito tranquila, dizer que os Riders Heisei tiveram histórias muito ricas, com muitas surpresas e reviravoltas. Como nem tudo são flores, claro que houve escorregões, mas nada que apagasse o brilho de nossos 20 heróis.
Como praticamente desconheço a Era Showa (sei apenas o que me é dito e o que vi em Black e Stronger), a Era Heisei trouxe um forte senso de mudança dentro da franquia; roteiros mais densos, inicialmente mais voltados para a família, mas, lá pela metade de cada série, se tornavam roteiros que nos deixavam com os nervos em frangalhos. Eu poderia citar muitos exemplos sobre o que mudou, mas o mais prático é: escolhas difíceis, como aconteceu em Kamen Rider Gaim e Kamen Rider Build, apenas para dar dois exemplos.
Desde a chegada de Kuuga, até Zi-O, cada Kamen Rider teve um caminho muito tortuoso para trilhar; seja por perdas, mortes de inocentes, inúmeros dilemas pessoais e inimigos dispostos a tudo. Outro ponto que preciso ressaltar é o grande impacto psicológico/emocional das tramas: dificilmente você passava algum episódio sem algum sentimento; muitas vezes, quase inexplicável. A riqueza de personagens e personalidades, a qualidade das atuações (vide Kamen Rider Build) e tramas que avançam cada mais para dentro da psiquê humana nos mostraram o seguinte: a franquia Kamen Rider soube se renovar, se reciclar, se humanizar. Foi-se o tempo em que os personagens eram motivados por apenas uma coisa, num caminho linear.
Se fosse traçar um paralelo, diria que, apesar de todas as armaduras e equipamentos, os Riders da Era Heisei se tornaram muito mais humanos, mais conectados com a realidade nossa de cada dia, criando uma relação muito mais sinérgica e simbiótica com o personagem (para quem assiste), qualquer que fosse.
Deixo aqui a pergunta: com qual rider você se identificou mais? E por quais razões? Acredito que, cada um de nós, deve ter se deparado, nem que por um milissegundo, se colocando no lugar do herói, ou mesmo de um dos vilões.
Enfim, deixo este texto como homenagem aos 20 que têm a missão de salvar o mundo e que, "sendo para crianças" ou não, mostram o ser humano em todas as suas facetas.
"Enquanto houver quem necessita, sempre haverá um Kamen Rider.".
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