quarta-feira, 22 de abril de 2015

Psycho Pass, um anime extraordinário.


Desde que assisti Kamen Rider Gaim, me tornei fã de Gen Urobuchi e seu estilo de escrever. O tom sério, seco, cru, me chamaram atenção demais, e não é diferente com Psycho Pass. Gen mostra o lado obscuro das pessoas e da sociedade construída por elas neste anime. Seu primeiro episódio foi exibido em 11 de outubro de 2012, e conta com um total de 22. Cada episódio vai mostrando um novo aspecto de uma sociedade regida por um sistema chamado Sibyl, que decide quem vive e quem morre de maneira simples e direta: a palavra dele é o que vale.

Em Psycho Pass, há um medidor chamado Coeficiente Criminal, que mede o nível de criminalidade latente em cada pessoa do Japão, sendo ela boa ou má. Não há distinção, nem privilégios. O Sistema Sibyl apenas distingue entre duas sentenças: reabilitação ou morte, dependendo no número que aparecer em cada uma das armas que os Inspetores e Executores carregam. Pura lógica, nenhuma interpretação. A arma utilizada chama-se Detonator, e ela só pode ser utilizada por um Inspetor ou Executor registrado via biometria/dna/registro na Segurança Pública, o que torna as decisões de atirar ou não bem individuais. Causa uma "anestesia" em alguns atirar, mesmo em modo não-letal; causa repulsa em outros.

Inspetores são equivalentes à detetives, eles têm o trabalho de investigar e cuidar dos Executores para que se mantenham na linha. Apenas pessoas com um baixo Coeficiente Criminal são escolhidas para a função e se tirarem uma alta nota no teste de aptidão aplicado pelo próprio Sistema Sibyl.

Executores são pessoas que o Sistema Sibyl considera incapazes de viver em sociedade por causa de seu alto Coeficiente Criminal. Eles não podem ser executados, mas também não podem viver livremente, então são recrutados para realizarem o "serviço sujo", executando criminosos em diversos casos. Alguns falam de si como "Cães de Caça".

Contudo, um Inspetor também pode se tornar um Executor caso sua Matiz fique turva (há um nível de cores que vai do branco ao preto) e o número de seu coeficiente passe de 150. Matiz é a escala utilizada para medir o Psycho Pass de cada pessoa. Tanto a cor da Matiz quanto o número de Coeficiente Criminal da pessoa são usados como instrumento de controle da criminalidade.

Um fato interessante é que se, por ventura, uma vítima de um crime ficar muito abalada pelo trauma sofrido, a mesma pode acabar sendo levada para reabilitação ou sendo executada, pois seu número pode subir demasiadamente e a Matiz turvar. Ou seja, não há muito para onde correr.

Akane Tsunemori.

A trama começa quando Akane Tsunemori chega para assumir o cargo de Inspetora, após tirar nota máxima no teste de aptidão, 700 pontos. No início, ela parece frágil, certinha e ingênua, mas vai mostrando maturidade ao longo dos episódios e um grande controle emocional. Forma uma excelente dupla com Shinya Kogami.

Há vários personagens interessantes na série, cada qual com seu papel, mas há dois que valem a trama toda e este texto: Shinya Kogami e Makishima Shogo. Ambos são extremamente inteligentes, analíticos, metódicos e determinados, Kogami para o bem, Shogo para a anarquia. Mesmo seguindo lados diferentes, dá pra afirmar que ambos sejam muito parecidos. Se entendem perfeitamente.

Shinya Kogami era Inspetor até ver seu parceiro ser assassinado cruelmente e acaba por ter seu Coeficiente Criminal passado do limite, perdendo seu emprego e vida pregressa para se tornar um executor. Inteligente ao extremo, tem uma forte intuição de detetive, e ensina demais à Akane. Também possui uma alta capacidade de análise de cenários. Acaba se tornando amigo e confidente dela. Trava um duelo intelectual com Makishima Shogo até o final da primeira temporada. 

Kogami.

Makishima Shogo, o vilão da história: um homem imune ao Sistema Sibyl, que consegue fazer seu Coeficiente Criminal zerar e passar batido por qualquer Inspetor, tem o típico perfil de um sociopata: inteligente, confiante, manipulador e eloquente, faz várias alianças (temporárias) e tramóias durante a série, e não mede esforços para conseguir seu objetivo, a anarquia. Ainda mais inteligente que Kogami, Makishima faz da Segurança Pública gato e sapato, matando quem quiser, sem nenhuma punição. Leitor e conhecedor de filosofia, cita vários autores famosos. Até a Bíblia ele lê. Interessante frisar que, por ser muito carismático, você acaba se convencendo que os argumentos dele para querer a destruição do Sistema Sibyl sejam justificáveis quase de maneira inegável. Um homem que não quer fama, não quer dinheiro, não quer poder, quer apenas uma sociedade livre e à moda antiga.

Makishima Shogo.

A trama de Psycho Pass gira em torno destes três personagens e como cada um deles reage às ações uns dos outros. A sociedade mecânica e autoritária de Psycho Pass é questionada todo o tempo, a falta de livre arbítrio real e o comodismo das pessoas em viver de acordo com o que o sistema lhes diz ser certo e não suas próprias convicções, o medo da falta do sistema, medo de não conseguir ser ninguém ou virar um criminoso. Chegam a chamar de fascista a maneira com a qual o Sistema Sibyl controla tudo e todos.

Gen Urobuchi.

Quem conhece um pouco do modo de Gen Urobuchi escrever animes, sabe que ele tem alguns "clichês": sempre há dois ou mais personagens com QI genial, há pouquíssimo humor, a trama é dura, emoção forte no fim, uso de temas bíblicos e diálogos cheios de franqueza. Psycho Pass é um anime sério, excelente, extraordinário, onde você vê muitos questionamentos sobre a sociedade, sobre os valores morais das pessoas, sobre o poder do livre arbítrio e da liberdade (redundância proposital), e coloca em xeque que lado da história realmente é bem e que lado é mal.

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